COLCHAS

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Como já foi referido, quando, no final dos anos 30 se relançou a produção do Bordado de Castelo Branco, todas as colchas bordadas a seda que se encontravam na região foram tidas como modelos adequados e, os seus elementos utilizados nas novas composições, passando a integrar, a definir e a identificar toda a produção oficinal do século XX até à atualidade. A comprová-lo temos, quer os desenhos que existem no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, originários da oficina da Mocidade Portuguesa - bem como todos os demais que ali foram elaborados, quer os desenhos produzidos na Casa-Mãe, a oficina de Elísio José de Sousa. Existem ainda desenhos feitos a partir destas duas fontes principais (as oficinas da Mocidade Portuguesa e a Casa Mãe) por uma ou outra bordadeira, os quais, todavia não se afastam daqueles modelos. Na Casa Mãe, a oficina de Elísio José de Sousa, que tanta responsabilidade teve na difusão do Bordado e no alargamento da sua área de mercado, os desenhos foram feitos ainda com maior liberdade, criando desenhos em que se misturaram várias tipologias, mudando a axialidade dos padrões, introduzindo motivos com a maior liberalidade, desde elementos arquitetónicos, em grande profusão, ícones e referentes territoriais ou mesmo animais da fauna africana. A sua primeira mestra, Deolinda Riscado, sendo dos Escalos, depois de sair da Casa-Mãe, criou ali a sua própria oficina, dando origem a uma verdadeira "Escola” que, passados mais de 50 anos explica o forte núcleo de bordadeiras que ainda hoje ali existe, muito influenciado pela estética definida na oficina de Elísio José de Sousa. É no entendimento desta situação compósita e heterogénea que se vão apresentar os motivos passíveis de admissão no Bordado de Castelo Branco, utilizados e sedimentados ao fim de mais de 80 anos de produção.