PADRÕES

No conjunto das colchas que constituíram os modelos de referência na produção do Bordado de Castelo Branco distinguem-se vários grupos, definidos a partir dos seus programas decorativos. Estes significam diferentes estruturas organizativas, bem como o uso de diversos conjuntos de motivos. Na consideração destas duas variáveis, estrutura e elementos decorativos, podem-se definir aquelas que consideramos as tipologias mais usuais, aquelas que constituem a matriz de referência das Colchas e do Bordado de Castelo Branco.

Definem-se assim quatro grandes grupos:

Colchas de “faixa” ou de “azulejo”

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Trata-se de peças que, na origem não eram colchas, mas panos de armar, pelo que o seu comprimento e significativamente maior do que o das colchas propriamente ditas, ultrapassando os 220cm muitas vezes chegando aos 280/300cm. Apresentam uma barra bem vincada definida por cercaduras geométricas. Nos cantos aparecem quase sempre umas cartelas quadradas decoradas com flores inscritas na bissectriz. O campo destas peças apresenta uma decoração em que motivos de alguma complexidade se repetem originando faixas que se podem ler quer na vertical quer na horizontal, como um padrão de azulejo. Quer os elementos que estruturam o desenho quer a decoração têm um carácter vegetalista, como se de ramos com flores se tratasse e o mesmo pode ser dito relativamente à barra. Por vezes, no eixo vertical dispõem-se pequenos centros geralmente em número ímpar. Todas estas peças se apresentam densamente bordadas e, em quase todas, se pode encontrar um ponto de bordar de difícil execução e que só aparece em peças portuguesas do final do século XVII, início do século XVIII. Por vezes, neste tipo de peças, começa a definir-se um centro constituído por uma albarrada que se inscreve no padrão existente com uma ténue delimitação ou mesmo sem nenhuma diferenciação.

Colchas de “Travessa”

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Definem-se pelo centro o qual apresenta um desenho que, à falta de melhor designação, se parece com uma travessa. Este centro, por vezes, ainda se encontra sobreposto a um padrão do tipo faixa de azulejo. Noutros casos a decoração do campo organiza-se a partir das bissectrizes dos cantos, onde se inscrevem ramos de flores. A barra ainda existe, mas muito menos marcada, menos larga, com os seus limites mais simplificados. Estas peças, com estes tipos de centros, não são muito frequentes, mas foram das mais copiadas dada a sua beleza.

Colchas de “moldura”

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Nas colchas ditas de "moldura" o centro, de forma oblonga, entre o oval e o losango, aparece como se estivesse contido no interior de uma moldura de madeira trabalhada em talha, em cujos vértices se encontram impressivos concheados. Nalguns exemplares os elementos vegetalistas que organizam a estrutura do campo, como que coalescem definindo aquilo que se convencionou chamar um padrão de meandros, um conjunto de cartelas de desenho irregular e assimétrico, em cujo interior se encontram flores de desenho variado e precioso. No interior do centro encontram-se ramos de flores onde, por vezes poisa uma ave, mas onde também se podem ver pavões afrontados. Este grupo, bem como os anteriores, integrava o grupo das, então, chamadas “colchas eruditas”.

Colchas de “fita"

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São as colchas que se encontram com maior frequência. Como nos casos anteriores é o desenho do limite do centro que as identifica, um limite muito simples, como se de uma fita se tratasse. Essa fita pode aparecer inteira ou interromper-se nos vértices. No interior destes centros encontra-se uma grande variedade de composições que têm em comum estruturarem-se a partir de um ramo bem desenvolvido que o ocupa na totalidade. Neste ramo, encimado por uma grande flor (que pode ser um cravo, um papiro, uma flor de lótus ou outra) podem encontrar-se figuras humanas (sozinhas ou acompanhadas) e nele poisar, ou não, uma ou mais aves. O campo destas colchas também pode apresentar vários tipos de desenho. O mais comum é aquele em que nas bissectrizes dos cantos se dispõem ramos de flores diversas a abrir na direção do centro, mas também pode acontecer as flores abrirem na direção oposta. Nestas colchas predominam os cravos estrelados, presentes nas suas variadas configurações, ramos de bolas e elementos vegetais, por vezes de grandes dimensões, que se dispõem de cada lado do centro ou na parte superior e inferior da colcha. Na terminologia definida por Júlia Antunes, em 1929, estas eram as colchas “populares".