MOTIVOS

 
 

Os motivos utilizados no desenho do Bordado de Castelo Branco resultam de influências diversas desde o desenho e a gravura Europeus do século XVII e XVIII, a azulejaria portuguesa, os têxteis indianos e os têxteis e porcelana chineses.

Os motivos do Bordado de Castelo Branco estão organizados em categorias: vegetalista, antropomórfica, zoomórfica e inanimada.

Motivos Vegetalistas:

Também conhecidos como fitomórficos (fito de planta, mórfico de forma), estes motivos remetem-nos para as plantas, frutos, folhas e flores. Os motivos vegetalistas não são representações realistas, mas estilizadas, assumindo por vezes formas muito fantasistas.

Os mais comuns e que podem ser identificados com elementos da natureza são cravos, troncos, heras, romãs, peónias, rosas, alcachofras, miosótis, malmequeres e bolotas.

Além destes destacam-se um sem número de exemplos, muito estilizados e sem correspondência clara no mundo real e, por isso, originam falta de consenso quanto à sua interpretação. As formas mais recorrentes e que sofrem uma maior diversidade de estilização são os cravos, as romãs e as folhas. Os miosótis, apesar de comuns são pouco estilizados. A flor-de-lis é, por vezes, classificada como motivo inanimado por ter aspeto de elemento decorativo arquitetónico.

Motivos Antropomórficos:

O princípio de estilização dos motivos vegetalistas é aplicável aos motivos antropomórficos (representação de seres humanos) que deve respeitar a matriz dos desenhos de colchas históricas que servem de inspiração aos atuais.

Os motivos antropomórficos são os elementos masculinos e femininos. O elemento masculino aparece geralmente com um elemento feminino de mãos dadas (conhecem-se poucos exemplares onde o homem aparece sozinho). O homem pode aparecer montado a cavalo, como caçador ou com uma flor na mão.

O elemento feminino, habitualmente no centro das colchas, aparece a formar par com o elemento masculino, mas, encontram-se exemplares em que o centro das colchas é composto por dois elementos femininos.

Motivos Zoomórficos:

Podemos identificar vários motivos zoomórficos como cavalos nas colchas em que aparecem cavaleiros, cães nas colchas que representam caçadas, alguns animais alados, répteis e quadrupedes.

Contudo, o motivo zoomórfico mais representado no Bordado de Castelo Branco é a ave, encontrando-se uma grande diversidade de tipologias. Apesar de poderem ser identificadas como exóticas ou domésticas, continua a prevalecer o princípio da estilização do motivo.

Motivos Mitológicos e de Simbologia Específica:

A águia bicéfala é o único motivo mitológico que encontramos no desenho atual do Bordado de Castelo Branco. Existem vários exemplares de águias bicéfalas, alguns de formas invulgares, como o motivo da águia com o coração trespassado por uma seta, constituindo a mais bizarra de representação, que nunca aparece nas colchas históricas, devendo evitar-se a sua utilização em conjunto.

O coração é um motivo de simbologia universal diversificada, aparecendo esporadicamente no Bordado de Castelo Branco, onde pode ser confundido com folhas de hera e laços. A sua existência deve ser tida em conta, uma vez que, quer do ponto de vista religioso quer do ponto de visto laico, é um motivo muito utilizado em bordados. No Bordado de Castelo Branco este motivo é mais recorrente nas albarradas/ vasos.

Motivos Inanimados:

Os motivos inanimados repartem-se por  palmetas, conchas, fitas, laços, albarradas/ vasos e elementos que lembram os ornatos arquitetónicos, quer do Gótico quer do Barroco.