VEGETALISTAS

Árvore

 

As colchas com a “árvore da vida” apresentam entre si variações muito pouco significativas. O seu modelo terá sido o padrão de um palampore indiano (tecido de algodão estampado), um padrão que, com o tempo, integrou algumas figurações junto ao característico monte de terra em "escamas” donde surge a árvore. Conhecem-se dois tipos destas figurações: pequenos galos, conhecidos na gíria local por galrichos, em número de quatro ou seis e um ou três cavaleiros. Para as acolher, o desenho inicial foi modificado, interrompendo-se os caules dos arbustos que cresciam junto à árvore e paralelos ao seu tronco, que ficam agora suspensos, dando espaço aos novos elementos.

Os ramos da árvore lançam-se em todas as direções do campo da colcha, neles se dispondo frutos e flores de desenho variado, mas ocupando sempre as mesmas posições relativas. Um pouco acima do centro da colcha os ramos definem uma cartela que acolhe uma ave. Sensivelmente à mesma altura podem-se ainda ver, dois “passarinhos”, um de cada lado da árvore.

Nalguns casos veem-se uns enrolamentos que esboçam uma barra a contornar todo o campo, mas estes enrolamentos podem faltar. Os cantos surgem sublinhados por uma impressiva “flor de lótus”, a qual abre na direção do centro da colcha e cujo caule se inscreve na respetiva bissectriz.

A estas colchas, todas muito semelhantes e onde nunca se encontram cravos, juntam-se outras em que a árvore aparece desenhada de um modo mais livre e descuidado e há mesmo um caso em que se podem ver vários troncos em vez de um único. Nestas árvores é que aparecem os cravos abertos, característicos da produção mais tardia, feita, provavelmente, na região de Castelo Branco.

Qualquer que seja o desenho da árvore há elementos que se devem manter, nomeadamente o monte de terra em “escamas" e o preenchimento do campo com ramos carregados de flores, frutos e onde podem aparecer, ou não, aves. Em desenhos mais contemporâneos aceitam-se motivos referentes a flores ou frutos mais estilizados.

Flores

 

As flores constituem um dos motivos que mais caracteriza as Colchas de Castelo Branco. Apresentam, como seria de esperar, desenhos variados, uns mais identificáveis que outros. De facto, sendo os seus prováveis modelos quer peças chinesas, quer peças indianas, se há flores fáceis de identificar (flores de lótus, flores de papiro, crisântemos, peonias) aparecem outras de desenho fantasista, que dificilmente se poderão nomear. Acrescem ainda a esta panóplia flores europeias como as miosótis ou os lírios.

Se excetuarmos alguns casos como o das peonias, bordadas a ponto de pena, ou dos miosótis bordados a ponto de matiz, as flores são sempre bordadas a Ponto de Castelo Branco podendo este, no entanto, ser acompanhado, em pequenos apontamentos, por outros pontos.

Cravos

No Bordado de Castelo Branco o cravo é a flor dominante, tendo-se tornado o ícone por excelência desta produção.

Cravos Compactos

Nas colchas da Oficina de Lisboa, feitas nos finais do século XVII, os cravos são sempre representados em corte, com cálice e corola compacta. Apresentam-se, geralmente, bordados a matiz, mas há casos em que são bordados com “cheio de bicos”. Foram bastante utilizados nas colchas bordadas nos anos 40 e 50 do século XX.

Cravos Ricos

Nas peças de desenho mais cuidado existe um outro tipo de cravos, mais raro, a que chamamos "cravo rico". Neste, o desenho é mais trabalhado. Vê-se o cálice que segura um "bolbo" donde saem pétalas, com o respetivo remate de bicos. No entanto as pétalas são sempre trabalhadas a duas cores. Nalguns casos, de desenho mais complexo e requintado, entre o "bolbo" e as pétalas encontra-se uma coroa de bicos.

Cravos Abertos Estrelados

Nas colchas, mais tardias, de “cravos abertos”, estes têm grande expressão notando-se a existência de várias sub-tipologias: abertos estrelados simples, abertos estrelados de perfil e abertos estrelados mistos.

Nos cravos abertos estrelados simples, as flores apresentam-se espalmadas. Não existe cálice, antes se vê uma grande corola donde saem pétalas, em número variável (entre as cinco e as doze), separadas umas das outras e igualmente rematadas pelo mesmo tipo de bicos. A corola pode ser preenchida com uma rede muito simples, ponto de Castelo Branco ou rede torcida.

Também existem cravos espalmados que se apresentam de perfil - Cravos abertos estrelados de perfil, uma vez que mostram sempre um cálice com duas ou mais sépalas, bordados da mesma cor do caule.

Cravos Abertos Estrelados Mistos

Os cravos abertos estrelados mistos aparecem também estrelados, mas, no espaço correspondente à corola, também se vê um cálice e outras figurações como estilizações de flores ou botões.

Apresenta pétalas em número variável, entre as três e sete, todas rematadas por bicos, também eles em número variável, sendo três a ocorrência mais banal.

Flor de Lótus

A flor de lótus tanto aparece nas peças mais eruditas como como nas peças mais populares. Com o tempo, o seu desenho vai perdendo definição, afastando-se dos modelos mais eruditos.